O Brasil enfrenta a maior crise de febre oropouche de sua história, com mais de 7,4 mil casos confirmados em 2024, segundo dados do Ministério da Saúde. A doença, que já se espalhou por 20 estados, causou duas mortes, um fato inédito e preocupante. Este cenário alarmante não se restringe ao Brasil: a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico para o continente, reportando surtos em países como Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia. A gravidade da situação e a ausência de casos fatais relatados na literatura médica até o momento tornam este surto um marco histórico e exigem uma resposta urgente das autoridades de saúde.
O que é a febre oropouche?
A febre oropouche é uma arbovirose, ou seja, uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido pelo mosquito popularmente conhecido como maruim. A doença apresenta sintomas semelhantes à dengue, como febre alta, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, náuseas e diarreia.
Como ocorre a transmissão?
A transmissão da febre oropouche ocorre principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis. Existem dois tipos de ciclos de transmissão: o silvestre, onde animais como macacos e aves atuam como hospedeiros, e o urbano, onde os humanos são os principais hospedeiros.
Quais os riscos do surto?
O surto de febre oropouche levanta diversas preocupações, como:
- Gravidade da doença: a doença, que antes era associada a sintomas leves, tem apresentado casos mais graves, com óbitos e complicações como meningite e encefalite.
- Transmissão vertical: estudos indicam a possibilidade de transmissão do vírus da mãe para o bebê durante a gestação ou no parto, o que pode levar a malformações congênitas, como a microcefalia.
- Falta de conhecimento: ainda há muito a ser descoberto sobre a febre oropouche, como a gravidade dos sintomas, a forma como o vírus atua no organismo e sua virulência.
- Ausência de tratamento específico: não existe um tratamento antiviral específico para a febre Oropouche, o que torna a prevenção ainda mais importante.
O que está por trás do surto?
Diversos fatores podem estar contribuindo para o surto de febre oropouche, como:
- Mudanças climáticas: as alterações climáticas podem favorecer a proliferação dos mosquitos transmissores da doença.
- Urbanização: a expansão urbana e o contato cada vez maior com áreas naturais podem aumentar o risco de transmissão.
- Novas variantes: o surgimento de novas variantes do vírus, com maior capacidade de transmissão e virulência, pode estar impulsionando o surto.
Como se prevenir?
A prevenção da febre oropouche é fundamental para controlar o surto. Algumas medidas simples podem ajudar a reduzir o risco de transmissão:
- Evitar áreas com muitos mosquitos: se possível, evite áreas com vegetação densa e água parada, onde os mosquitos tendem a se proliferar.
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo: as roupas compridas e claras podem ajudar a proteger a pele das picadas de mosquito.
- Usar repelentes: aplique repelentes nas áreas expostas da pele, seguindo as instruções do fabricante.
- Eliminar criadouros do mosquito: elimine qualquer objeto que possa acumular água parada, como pneus velhos, vasos de plantas e calhas.
- Manter portas e janelas fechadas: utilize telas de proteção para evitar a entrada de mosquitos em casa.
O que fazer em caso de sintomas?
Se você apresentar sintomas como febre alta, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e diarreia, procure um médico imediatamente. Informe ao profissional de saúde sobre os sintomas e sobre possíveis viagens a áreas com casos confirmados da doença.
A febre oropouche é uma doença que exige atenção e cuidados especiais. A prevenção é a melhor forma de evitar a doença, mas é fundamental que as autoridades de saúde invistam em pesquisas para melhor compreensão e desenvolvimento de novas ferramentas para o diagnóstico e tratamento.