Janeiro Branco: quando a análise de dados identifica os invisíveis.

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“Não posso, de jeito nenhum, viver o resto da vida dependente de remédios”, expressa Rosana, uma mulher de 55 anos, que foi subitamente confrontada por uma reviravolta em sua saúde, que transcendeu os limites físicos. Com 23 anos dedicados à mesma empresa, o último ano revelou-se um capítulo desafiador, marcado pela transição de liderança, que desencadeou impactos emocionais de grande magnitude.

Imagem retrata uma pesoa pegando a mão de outra como sinal de apoio emocional.

“Foi do dia para a noite, tive um mal-estar, a pressão estava em 20 por 11, eu tremia muito e só conseguia chorar. Nunca me vi naquele estado em toda minha vida. Quando a médica me deu o diagnóstico, foi pior ainda. Eu não posso, de jeito nenhum, viver o resto da vida dependente de remédios.” – completa Rosana.

Este relato ecoa não apenas como uma narrativa pessoal, mas como um reflexo do quadro médico de ansiedade generalizada que atinge 9,3% dos brasileiros – e não acontece do dia para a noite. Além disso, lança luz sobre o persistente tabu que permeia nossa sociedade quando o assunto é saúde emocional. O receio de buscar ajuda, alimentado por estigmas, falta de compreensão e normas culturais, contribuem para uma resistência significativa, impedindo muitos de compartilhar suas vivências e buscar o suporte necessário.

A resistência, evidenciada na recusa de Rosana ao tratamento com ansiolíticos, não é um caso isolado. Ela representa uma barreira preocupante que precisa ser enfrentada de frente. O objetivo deste artigo é não apenas explorar as implicações individuais desse desafio, mas também contextualizá-lo em um cenário mais amplo de saúde mental no Brasil, onde dados alarmantes revelam a prevalência de condições como depressão e transtornos de ansiedade. A população do Brasil, é de 214,3 milhões de habitantes, onde aproximadamente 12 milhões de pessoas enfrentam a depressão e 20 milhões são afetadas por transtornos de ansiedade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é crucial romper com o silêncio que cerca essas questões e promover diálogos abertos em busca de soluções que possam aliviar o peso emocional que muitos carregam.

Promovendo a Saúde Mental

A saúde mental é um estado de bem-estar que permite lidar com o stress, aprender, trabalhar e contribuir para a comunidade. Essencial para o desenvolvimento pessoal, comunitário e socioeconômico, é mais abrangente que a ausência de transtornos mentais, variando em uma relação contínua e complexa entre indivíduos.

Determinantes da saúde mental incluem fatores psicológicos, biológicos, sociais e estruturais. Riscos podem surgir em diferentes fases da vida, especialmente em períodos sensíveis do desenvolvimento. Fatores de proteção, como competências sociais e emocionais, ajudam a fortalecer a resiliência.

Intervenções de promoção e prevenção identificam determinantes e reduzem riscos, criam resiliência e estabelecem ambientes de apoio à saúde mental. A promoção da saúde emocional em crianças, adolescentes e no trabalho  e a prevenção do suicídio, são prioridades globais.

Em 2020, o “Atlas de Saúde Mental” da OMS revelou avanços insuficientes em relação ao plano de ação. O “Relatório Mundial sobre Saúde Mental” destaca a necessidade de valorizar a saúde mental, remodelar ambientes físicos e sociais, e fortalecer os cuidados de saúde mental, enfatizando direitos humanos e abordagem multissetorial.

A OMS continua a liderar esforços nacionais e internacionais para fortalecer a resposta coletiva à saúde mental e promover uma transformação global em direção a uma melhor saúde mental para todos.

Dados e Tendências

Nos últimos anos, o acesso à psicoterapia no Brasil tem aumentado significativamente. De acordo com dados da Suridata, o número médio de sessões de psicoterapia por beneficiário foi de 1,26 em 2023.

Em um mundo onde a saúde mental está assumindo um papel central, os dados anuais de consultas por beneficiário em psicoterapia revelam uma tendência. Em 2019, os números da ANS e da Suridata fecharam o ano relativa proximidade, com valores de 0,47 e 0,46, respectivamente.

Gráfico comparativo dos dados da ANS e da Suridata.
Fonte: ANS e Suridata

Os números da Suridata, em 2020, refletem um ano marcado pelo desafio global da pandemia de COVID-19, os valores atingiram 0,78. Este salto de, 70,93% nas consultas por beneficiário, podem indicar uma resposta direta às demandas do contexto pandêmico, sugerindo uma maior conscientização sobre a importância da saúde mental e aumento significativo na procura por psicoterapia. Enquanto o indicador apresentado pela ANS foi 14% menor que no ano anterior, 0,41. Isso nos traz uma pergunta: o descolamento entre o indicador da Suridata e o apresentado pelo órgão regulador é indicativo de que a saúde privada pode ser mais sensível às mudanças macroeconômicas?

À medida que avançamos para 2021, a tendência de crescimento persiste, e em 2022, a ANS relata 0,71 e a Suridata atinge 1,1. O aumento do número de consultas por beneficiário em psicoterapia ao longo dos anos pode ser atribuído, em parte, aos avanços tecnológicos e melhorias nos métodos de diagnóstico. A popularização da telemedicina facilitou o acesso a serviços de saúde mental, superando barreiras geográficas e incentivando aqueles que, de outra forma, poderiam enfrentar dificuldades para buscar apoio psicológico.

É crucial destacar que os números da Suridata, focados em São Paulo, podem introduzir um viés regional. Os desafios e tendências de saúde mental podem variar significativamente em diferentes partes do país.

Esta imersão nos dados destaca a complexidade da relação entre eventos globais, conscientização sobre saúde mental e a busca crescente por psicoterapia. À medida que as empresas reconhecem a importância da saúde mental no ambiente de trabalho, esses números podem servir como um chamado à ação para implementar estratégias mais abrangentes de apoio emocional. Afinal, entender as nuances dessas tendências nos leva não apenas aos números, mas à compreensão mais profunda de uma sociedade que está reconhecendo a necessidade de cuidar da mente.

Mapeando a Saúde Emocional - o papel da saúde suplementar nas empresas.

O mapeamento de saúde é uma ferramenta importante para a gestão e planejamento de políticas públicas e privadas de saúde. Ele permite identificar as necessidades e demandas da população, assim como os recursos disponíveis para atendê-las. O mapeamento de saúde da Suridata contempla aspectos que compõem um indicador de risco emocional.

Para compreender o processo de mapeamento de saúde emocional, é preciso notar sua abordagem abrangente. O questionário considera não apenas diagnósticos existentes, mas também destaca sinais de instabilidade emocional. Através das respostas, as pessoas são divididas em grupos com base em diagnósticos e sintomas. Para aqueles com diagnósticos, o foco está em identificar a frequência e a intensidade dos sintomas, proporcionando insights valiosos.

Em paralelo, ao explorar aqueles que não possuem um diagnóstico formal, o mapeamento destaca a importância da prevenção. Perguntas sobre qualidade do sono e sintomas de irritação, nervosismo ou depressão buscam identificar precocemente sinais de instabilidade emocional. Essa abordagem preventiva é crucial para fornecer cuidados primários e atenção à saúde emocional daqueles que podem não ter um parecer médico, mas que enfrentam desafios emocionais.

Voltando à análise de dados da base Suridata, 23,8% dos beneficiários que responderam ao Mapeamento de Saúde relatam ter alterações emocionais ou psíquicas (como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia, burnout, entre outros) enquanto 49,4% não relataram ter alterações de saúde mental, porém os indicadores demonstram o contrário, pois apresentam sinais de alterações emocionais como sono ruim ou irregular, pouco interesse ou prazer nas tarefas simples do dia, irritabilidade, nervosismo ou ansiedade na maioria dos dias, o que implica num alto risco de um diagnóstico futuro.

Conclusão

Os indicadores de 2023 da Suridata demonstram que  7,14% dos beneficiários realizaram psicoterapia, os dados da pesquisa do mesmo ano da OMS  revelam que apenas 3% da população brasileira faz terapia.  Atualmente, 12 milhões de pessoas enfrentam a depressão e 20 milhões são afetadas por transtornos de ansiedade. Há uma disparidade significativa entre a necessidade por psicoterapia e a participação efetiva da população nesse tipo de serviço.

Essa discrepância destaca um desafio relevante no cenário nacional: apesar do crescente reconhecimento da importância da saúde mental, ainda há barreiras que impedem uma parcela significativa da população de acessar a psicoterapia.

Seja por questões econômicas, estigma social ou falta de informação, é crucial explorar estratégias que incentivam um maior envolvimento da sociedade civil, órgãos públicos e empresas nos cuidados com a saúde mental.

Em resumo, tanto a análise da Suridata abrangendo os dados dos beneficiários que fazem algum tratamento psicoterápico quanto o mapeamento de saúde emocional, destacam a complexidade do cenário de saúde mental. A conscientização, o acesso a serviços e a promoção de cuidados preventivos para o desenvolvimento de equilíbrio emocional por meio de palestras, workshops, rodas de conversas e incentivo à terapias, emergem como elementos essenciais para abordar os desafios atuais e promover uma cultura mais saudável, compreendendo e promovendo o bem-estar emocional.

O que trazemos aqui são dados e conhecimentos, mas a pergunta que fica é: como ajudar seus clientes ou a população da sua empresa a passar por estes desafios, a reconhecer sinais e sintomas, buscar ajuda ou um entendimento melhor da saúde?

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